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terça-feira, 18 de outubro de 2011

DIÁRIO DE UM CINQUENTÃO NA ACADEMIA

Ganhei de presente da minha mulher um vale-training de uma semana de
treinamento físico em uma academia perto de casa. Apesar de estar em
excelente forma, achei boa a idéia de diminuir a minha "barriguinha". Fiz a
reserva com uma personal trainner chamada Nádia, instrutora de musculação e
aeróbica, e modelo de 26 anos.

Me recomendaram levar um diário para documentar o meu progresso, que a
seguir transcrevo a vocês:

Segunda-feira:

Com muita dificuldade levantei-me às 6 da manhã. O esforço valeu a pena!
Nádia parecia uma deusa grega: ruiva, olhos azuis, grande sorriso, lábios
carnudos e corpo escultural. Inicialmente, Nádia fez um tour pela academia,
mostrando todos os aparelhos. Comecei pela bicicleta ergométrica. Depois de
5 minutos, ela me tomou o pulso e se assustou, pois o coração estava muito
acelerado. Não era a bicicleta não, era Nádia, vestida com uma malha de
lycra coladinha... Curti muito o exercício. Ela me motiva muito, apesar da
dor na barriga, de tanto encolhê-la, toda vez que ela passa perto de mim.

Terça-feira:

Tomei café e fui para a academia. Nádia estava mais linda que nunca. Comecei
a levantar uma barra de metal. Depois se atreveu a colocar mais pesos!!!
Minhas pernas estavam debilitadas, mas consegui completar UM QUILÔMETRO. O sorriso arrebatador que Nádia deu me convenceu de que todo exercício valeu a pena... era uma nova vida para mim.

Quarta-feira:

A única forma como consegui escovar os dentes, foi colocando a escova sobre
a pia e movendo a cabeça para cima e para baixo. Dirigir também não foi
fácil: estender os braços para mudar as marchas era um esforço digno de
Hércules, doía muito o peito e os braços, e minhas panturrilhas ardiam toda
vez que eu pisava o pedal da embreagem. Fisicamente impossibilitado,
estacionei meu carro na vaga para deficientes físicos, até porque saí do
carro mancando... Nádia estava com a voz um pouco aguda a essa hora da
manhã, e quando falava me incomodava muito. Meu corpo doeu inteiro quando
ela me colocou a cadeirinha de escalada. Para que merda alguém inventa um
treco para se escalar quando isso já está obsoleto com os elevadores? Nádia
me disse que isso me ajudaria a ficar em forma e a aproveitar a vida e os
esportes de aventura... ou alguma dessas promessas.

Quinta-feira:

Nádia estava me esperando com seus horríveis dentes de vampiro. Cheguei meia
hora atrasado: foi o tempo que demorei para colocar o tênis. A desgraçada da
Nádia me colocou para trabalhar com os pesos. Quando se distraiu, saí
correndo e me escondi no banheiro. Mandou um outro treinador me buscar e,
como castigo, me colocou na máquina de remar... me ferrei!

Sexta-feira:

Odeio a desgraçada da Nádia. Escrota, anoréxica, anêmica, insuportável e sem
cérebro! Se houvesse uma parte do meu corpo que pudesse se mexer sem
uma dor angustiante, eu partiria no meio essa desgraçada!!! Nádia quis que
eu trabalhasse meus tríceps... E EU NEM SEI QUE PORRA É ESSA DE
TRÍCEPS!!! Como se não bastasse colocar os pesos para que eu os levantasse,
ainda colocou aquelas merdas das barras...A bicicleta ergométrica me fez
desmaiar e, quando acordei, estava numa maca em frente a uma nutricionista,
outra idiota com cara de mal-comida, que me deu uma catequese de alimentação
saudável...

Sábado:

A lazarenta da Nádia me deixou uma mensagem no celular com sua vozinha de
lésbica assumida, perguntando-me por que eu não fui à academia. Só com a
sua voz já me deu vontade de quebrar o celular, porém não tinha força
suficiente para levantá-lo, pois até pra apertar os botões do controle
remoto da TV estava difícil...

Domingo:

Pedi ao vizinho para ir à missa agradecer a Deus por mim por essa semana que
terminou. Também rezei para que, no ano que vem, a desgraçada e
infeliz da minha mulher me presenteie com algo um pouco mais divertido, como
um tratamento de canal, um cateterismo ou um exame de próstata.